Em Nome de Quem?
Odaci Luiz Coradini

Em nome de quem ou do quê alguém pode se apresentar como candidato a algum cargo público? Este tipo de pergunta, em sua aparente trivialidade, pode interessar, por razões diferentes, tanto aos protagonistas de processos políticos como às ciências sociais. Para estas, as ciências sociais, uma abordagem centrada mais diretamente no que os agentes políticos são e dizem sobre si mesmos ou em nome do que se apresentam para legitimar sua condição, e menos sobre o que dizem sobre “política”, pode ter uma série de efeitos positivos. O primeiro desses efeitos é a possibilidade de se manter distante do normativismo ou profetismo, tão comuns ao se abordar esse tipo de problema através de uma perspectiva politicista. A segunda grande vantagem é a possibilidade de apreender o processo de “politização” em sua diversidade de recursos mobilizados visando à sua reconversão em trunfos eleitorais e os diferentes significados que isso pode adquirir, conforme as condições e lógicas sociais postas em confronto. No caso apresentado aqui, o Rio Grande do Sul, dentre os recursos e esferas sociais em pauta, se destacam os decorrentes da inserção e atuação sindical, em igrejas e organizações filantrópicas, organizações empresariais, ocupação prévia de cargos públicos, dentre outros. Porém, mais que sua diversidade, o que se destaca como problema analítico são as condições de possibilidade e os sentidos atribuídos a estes esforços de reconversão de recursos de esferas sociais com lógicas distintas e seus efeitos na legitimiação de concepções de sociedade e de política. Embora empiricamente centrado no Rio Grande do Sul este trabalho tem a pretensão de lançar as bases para a comparação com outras situações e momentos históricos.

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