Crimes por Encomenda
César Barreira

Distanciando-se da imagem do pistoleiro cujo contorno mais recorrente foi aquele registrado pelas obras ficcionais, César Barreira faz emergir da sua pesquisa um pistoleiro que é o “braço armado” e o “autor material” dos crimes de mando. O pistoleiro e o mandante, faces de uma mesma moeda, mas ocupando posições diferentes em escala social e no desfecho do crime, são velhos conhecidos da dominação tradicional no sertão nordestino. Porém, se o pistoleiro podia ainda provocar algum fascínio residual dada a sua faceta destemida ou solitária, César Barreira o redimensiona em um contexto mais amplo e atual, que é o das lutas sociais pela posse da terra e dos conflitos que se travam no campo político. Apaga-se então a imagem do matador solitário e entra em cena um bando de homens armados e treinados para atingir lideranças políticas, expulsar moradores do interior das propriedades e desarticular, pela violência das armas, os espaços de oposição que coloquem em risco as instâncias de poder e de representação.

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