Gabriela Scotto
No Brasil, o surgimento da expressão marketing político, nas vésperas das eleições de 1982, marcou a gradual conformação de um espaço socialmente diferenciado, a partir da confluência entre a propaganda e a publicidade, as relações políticas, a administração e a pesquisa de mercado – áreas que penetram tanto no mundo estatal como no mundo do mercado e das empresas privadas – , que emprestaram, de forma muitas vezes conflitante, suas práticas, representações e seus agentes para a delimitação do marketing político.
Neste trabalho, Gabriela Scotto se pergunta pelo conteúdo e pelas formas do fenômeno social identificado como “marketing político”. Que atividades designa? Que práticas o definem? Quais são as características sociais dos agentes que as executam, e que representações as acompanham? Para responder a essas questões, a autora parte do reconhecimento e mapeamento do que é identificado com a expressão “marketing político” para, depois, apresentar as diferentes ações do marketing político e o que seus agentes fazem quando dizem o estar praticando.
Eventos sociais, tais como congressos de marketing político e feiras de “produtos e serviços políticos”, são usados como porta de entrada para a análise da constelação de agentes, práticas e representações, que se articulam no marketing político e evidenciam as tênues fronteiras entre política e mercado que permeiam esse espaço social.